A Jornada Mundial da Juventude – JMJ Lisboa2023, superou todas as expectativas: não só porque mais de um milhão e meio de peregrinos se juntaram na capital portuguesa, passando pela presença e liderança carismática do Papa Francisco, que durante cinco dias cumpriu uma agenda carregada, sem perder a energia, como se fosse um jovem de tenra idade, e deixando sempre palavras impactantes, mas também porque a organização foi apreciada por todos. Já os cerca de 140 jovens de 17 países ligados à Família Consolata apreciaram o evento e agradecem especialmente o acolhimento e a organização local, desde a semana da pré-jornada, em Fátima, até aos dias da JMJ, na Amadora
Texto: Albino Brás | Oscar Medina
A Jornada Mundial da Juventude 2023, que decorreu em Lisboa de 1 a 6 de agosto, chegou ao fim. Segundo os meios de comunicação social portugueses, o pico de participação registou-se nos últimos dois dias, com cerca de 1,5 milhões de peregrinos. De facto, tanto a vigília de sábado, 5 de agosto, como a missa de envio de 6 de agosto, presidida pelo Papa Francisco, não tiveram espaço suficiente no Campo da Graça (Parque do Tejo). Muitos dos peregrinos passaram a noite nas estradas circundantes que davam acesso ao evento. Outros seguiram os acontecimentos a partir dos ecrãs instalados nas principais praças de Lisboa.
Este é, sem dúvida, um dos grandes eventos organizados pela Igreja a nível internacional que reúne jovens de vários países. É também o mais multitudinário evento alguma vez realizado em Portugal. Embora o convite fosse para todos, o Papa Francisco destacou aqueles que, devido à guerra ou outros conflitos, não estiveram presentes, como é o caso dos jovens do Sudão do Sul, que por sua vez organizaram este evento localmente.
UM PAPA PRÓXIMO DOS JOVENS
Se nas semanas prévias à JMJ se temia que o Papa Francisco pudesse falhar a sua presença neste mega-evento, devido à sua situação de saúde, mal o avião pousou na capital portuguesa que se notou a boa disposição do Papa Francisco e as ganas que trazia de estar com os jovens. O velhinho e doente de 86 anos, a todos surpreendeu. Todos ouviram, aplaudiram e repetiram com gosto as suas palavras, que a ninguém deixou indiferente. Já não eram só os cristãos católicos. Nas TV’s ouviam-se comentadores agnósticos e ateus confessos rendidos ao seu carisma e à sua mensagem.
Não temos dúvida, como disse Francisco na missa de envio, que a a JMJ Lisboa 2023 deixará no coração de cada jovem “a semente que Deus quis lançar neles, e só Ele mesmo sabe disso”. Esta semente foi fecundada por diferentes propostas como: catequeses diárias, expo-carismas, confissões, concertos, eventos desportivos e sobretudo os eventos presididos pelo sucessor de Pedro, como a Via-Sacra, a Vigília e a Missa de encerramento ou de envio.
Durante a Via-Sacra, Francisco sublinhou que “a cruz é o sentido maior do maior amor, aquele amor com que Jesus quer abraçar a nossa vida”. Recordou também que “Jesus, com a sua ternura, enxuga as nossas lágrimas escondidas”. É por isso que “Jesus caminha para a Cruz, morre na Cruz, para que a nossa alma possa sorrir”.
“A ALEGRIA É MISSIONÁRIA”
Na noite da Vigília, no Campo da Graça, o cenário não podia ser melhor: um pôr do sol de verão refrescado pela brisa do rio Tejo e os cânticos dos jovens à passagem de Francisco. Cânticos que, na presença de Jesus no Santíssimo Sacramento, exposto para adoração, se transformaram em silêncio. A multidão uniu-se numa linguagem única: a da contemplação silenciosa, com a majestosa e bela Ponte Vasco da Gama e o rio Tejo como cenário.
Perante um milhão e meio de pessoas na vigília da Jornada Mundial da Juventude, Francisco pediu que não se deixem cair na agonia, na falta de esperança e que ajudem os outros a levantar-se, e a exemplo de Maria, a pôrem-se a caminho com alegria porque “a alegria é missionária”.
Exortou-os também a não olhar para ninguém com desprezo, manifestando rejeição. O Papa disse: “A única vez que é lícito olhar para uma pessoa de cima para baixo é para a ajudar a levantar-se”. Uma frase que rapidamente viralizou nas redes sociais. E como é natural no discurso do Papa aos jovens, recordou-lhes que não devem esquecer as suas raízes, lembrando aqueles que iluminaram o caminho de cada um deles, referindo-se especialmente às pessoas mais velhas, aos idosos, aos avós.
A madrugada de 6 de agosto já fazia prever um dos dias mais quentes desta semana em Lisboa. Previa-se que a temperatura chegasse aos 41 graus. O padre Guilherme Peixoto, sacerdote e DJ, fez subir ainda mais a temperatura… ambiente. Foi ele o responsável por “acordar” os peregrinos que pernoitarem de sábado para domingo no Campo da Graça. Os primeiros sons de uma batida bem ritmada começaram a ouvir-se às 7h da manhã. E a música invadiu aquele espaço único que unia dois territórios: dos municípios de Lisboa e Loures – o Campo da Graça (Parque Tejo), separados pelo rio Trancão. O sol iluminava cada um dos peregrinos que tinham passado a noite em vigília, e com o seu calor preparava-os para a celebração eucarística de envio e encerramento desta JMJ 2023, com inicio às 9 horas. As notas do cântico de entrada abriram a celebração presidida pelo Santo Padre, acompanhado pelo Patriarca de Lisboa e por várias centenas de bispos e milhares de sacerdotes. Na sua homilia, inspirada no Evangelho da Transfiguração, Francisco pediu aos jovens que levassem nas suas memórias estes três verbos:
1. “BRILHAR, porque hoje precisamos de um clarão de luz que é esperança para enfrentar tantas derrotas quotidianas, para as enfrentar com a luz da ressurreição de Jesus. Deus ilumina o nosso olhar. Tornamo-nos luminosos quando aprendemos a amar como Jesus”.
2. ESCUTAR, ou seja, apurar o ouvido para não errar no caminho. Estar atento à voz do Pai que diz: “Este é o meu Filho muito amado, escutai-o”. Escutemos Jesus, porque ele tem palavras de vida eterna”. O Papa insistiu que “se não sabes o que Jesus te está a dizer, pega numa passagem do Evangelho e lê-a. Ele terá algo para te dizer. Ele terá algo para vos dizer”. O Papa advertiu também contra “o egoísmo disfarçado de amor que resulta de não se prestar atenção ao que Jesus nos diz”.
3. NÃO TEMER: como Jesus pede aos seus discípulos, assim faz connosco. De modo particular, esta mensagem dirige-se aos jovens que, não vendo realizados os seus sonhos, desanimam, ou aos jovens que, tentados pelo desânimo, perdem a esperança. Francisco insiste: “não tenhais medo”.
SEJAM “SURFISTAS DO AMOR”
Na despedida final perante os voluntários, que decorreu no Passeio Marítimo de Algés, na tarde do dia 6 de agosto, o Papa Francisco comparou a onda de jovens em Lisboa, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), com as ondas gigantes na Nazaré, pedindo-lhes para serem “surfistas do amor”.
Mais uma vez o Papa Francisco falou de uma forma informal, de improviso, uma marca de comunicação desta JMJ. Uma JMJ que inovou em muitos aspetos: na criatividade que se colocou ao serviço dos vários eventos previsto no programa de evento, especialmente nas celebrações religiosa e litúrgicas, recorrendo ao simbolismo, à dança, às artes, a excelentes cantores consagradados da música portuguesa, passando pelo belíssimo coro e orquestra desta JMJ.
Enfim, a alegria, as culturas e a juventude que durante uma semana tingiram as ruas de Lisboa e geraram inquietações em tantos passantes que estavam na capital portuguesa, como: “O que faz com que estes jovens estejam aqui? Há fé nos jovens? É verdade que a Igreja precisa de jovens para não envelhecer? Despediram-se com gratidão da cidade das sete colinas, “a bela cidade do Tejo”, não com um adeus, mas com um até logo, até Seul 2027, anfitriã da próxima JMJ.
Aos Missionários da Consolata do grupo de Portugal, fica o agradecimento pelo facto de se ter concluído com sucesso o enorme desafio de organizar a pré-jornada em Fátima e a jornada em Lisboa, reunindo jovens de três continentes pertencentes à nossa família missionária.
Todos são unânimes. Esta JMJ foi um sucesso a todos os níveis.
Vemo-nos no Jubileu dos Jovens, em 2025, em Roma, ou na próxima JMJ Seul2027!
Obrigado por esta interessante olhada sobre a relaidade e o sentido da jornada Mundial da juventude