6 de julho 2025
Is 66, 10-14; Gal 6, 14-18; Lc 10, 1-12.17-20
Corresponsáveis na evangelização
1. “O Senhor designou setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara»”. É uma missão temporária, que prepara e anuncia a missão definitiva de Jesus Ressuscitado. O número 72 (tantos eram os povos que se pensava que habitavam a terra) exprime simbolicamente que o Evangelho é destinado a todos os povos e que todos, sem exceção, são discípulos de Jesus.
É já um chavão dizer que a missão é confiada a todos os discípulos de Jesus e é destinada a todos os homens. Mas nunca é demais alertar que a missão não é uma atividade periférica ou marginal, reservada a um punhado de pessoas de boa vontade, ou um passatempo para quem não sabe o que fazer. A missão define a própria realidade e identidade da Igreja. A Igreja existe na medida em que evangeliza. “O cristão é um homem a quem Deus confia todos os homens”, já dizia no séc. IV São João Crisóstomo.
2. Anunciar que “o Reino de Deus está perto de vós”. Que Deus está muito perto de nós, procura-nos, quer unir-se a cada um de nós para nos tornar felizes. É Ele o Reino. É nele que Deus se torna presente, se oferece e se revela. “O Reino, inaugurado por Jesus, é o Reino de Deus… Um Deus sensível às necessidades e aos sofrimentos do homem: um Pai cheio de amor e compaixão, que perdoa e dá gratuitamente os benefícios que Lhe pedem” (RM). Quem já encontrou o Reino de Deus em Jesus, quem fez a experiência desta descoberta não pode deixar de a comunicar aos outros. Disse-o São João Paulo II: “Esta paixão não deixará de suscitar na Igreja uma nova missionariedade, que não poderá ser delegada a um grupo de «especialistas», mas deverá corresponsabilizar todos os membros do povo de Deus. Quem verdadeiramente encontrou Cristo, não pode guardá-lo para si; tem de o anunciar”.
“Em virtude do Batismo recebido – dizia o Papa Francisco – cada membro do povo de Deus tornou-se discípulo missionário… Cada cristão é missionário na medida em que se encontrou com o amor de Deus em Cristo Jesus…”.
3. Os gestos da Missão – Se o objeto da missionação é a pessoa de Jesus, de que modo e com que gestos se deve anunciar? “Pedi ao Senhor da seara…” diz-nos Ele. Quer dizer: a iniciativa é sempre de Deus. A evangelização é obra sua. O diálogo da oração é um pedido incessante para que Ele suscite e apoie os operários do Evangelho, torne eficaz a sua palavra e toque o coração de quem a escuta. E Jesus acrescenta: “Não leveis bolsa nem alforge, nem sandálias…”. É o estilo de sobriedade, de pobreza e simplicidade que deve caracterizar os enviados, na certeza de que o único tesouro a que devem ligar o coração é o próprio Senhor que anunciam. E continua: “Curai os doentes…”: são todos os gestos de solidariedade e de cuidados concretos para com quem sofre que tornam credível e fecunda a missão. “O testemunho evangélico, a que o mundo é mais sensível, é o da atenção às pessoas e o da caridade a favor dos pobres, dos mais pequenos, e dos que sofrem” (RM).
4. Jesus quer uma missão realizada na comunhão: “Enviou-os dois a dois”, para que se apoiem mutuamente, para que o testemunho de duas pessoas seja mais incisivo, para que vivendo o amor recíproco atraiam a presença de Jesus entre eles. Não é o indivíduo, mas é a Igreja-comunhão que evangeliza e que leva consigo o tesouro precioso da paz, que nasce dos corações reconciliados. Cristo chama por nós para que assumamos as nossas responsabilidades, levando o Evangelho pelas estradas do mundo.
Darci Vilarinho
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