Liturgia do 3º Domingo da Quaresma – Ano A

(Last Updated On: 07/03/2023)

12 de março de 2023
Ex 17, 3-7; Rm 5, 1-8; Jo 4, 5-42

 

É tempo de ir à fonte
1.“Se alguém tem sede, venha a Mim e beba!”. Da água viva que Jesus oferece. A água que Ele promete à Samaritana tornar-se-á “uma nascente de água a jorrar para a vida eterna”. A água é o bem mais precioso que a terra nos oferece. Quase tudo, na nossa vida, é dispensável ou substituível. Podemos renunciar a muita coisa, mas a água é algo de vital e imprescindível. Por isso, é um elemento preciosíssimo.
A Quaresma tem duas linhas fundamentais: a penitencial e a batismal. Essa “água viva” de que Jesus fala leva-nos a pensar no nosso batismo, esse início de uma caminhada com Jesus… Com o batismo acolhemos em nós o Espírito que transforma, que renova, que faz de nós “filhos de Deus” e que nos leva ao encontro da vida plena e definitiva. Talvez a minha vida de cristão não tenha sido verdadeiramente coerente com essa vida nova que então recebi. Provavelmente terei que renovar nesta Páscoa os meus compromissos e alinhar a minha vida com os valores que Jesus e a Igreja me propõem.

 

2. Depois de se encontrar com Jesus, a samaritana, abandonou o “cântaro” e foi à cidade revelar aos da sua terra o tesouro que tinha encontrado. “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz. Não será ele o Messias?”. O abandono do “cântaro” significa o romper com todos os esquemas de procura de felicidade egoísta, para abraçar a verdadeira e única proposta de vida plena trazida por Jesus. Perguntemo-nos: De que é que temos sede? O que é que desejamos intensamente para sermos felizes? Se calhar já experimentámos tantas coisas, como esta mulher da Samaria que já tinha experimentado tantos amantes e continuava vazia e com sede. Não será esta a hora de buscar um amor pleno, uma água viva que enche a nossa vida?

 

3. Os efeitos deste diálogo de Jesus fizeram-se sentir nessa mulher: ela transformou-se em apóstolo e levou outros à fonte que matara a sua sede de felicidade. Depois de encontrar o “salvador do mundo”, a samaritana não se fechou em casa a gozar a sua descoberta, mas partiu para a cidade, a propor aos seus concidadãos a verdade que tinha encontrado. Foi uma testemunha viva, coerente e entusiasta dessa vida nova que encontrou em Jesus. É esta a nossa missão de batizados. A nossa descoberta não deve ficar fechada dentro de nós. Se for transmitida a outros, de certeza que a nossa fé sairá fortalecida.

 

4. É tempo de ir à fonte, para matar a nossa sede. Andamos talvez perdidos noutras águas, como a samaritana. Bebemos águas chocas de cisternas rotas. Só Jesus é água viva que nos sacia e conforta. O nosso coração anda inquieto enquanto não a encontrar. Que essa água refresque a nossa vida e nos faça mensageiros, como a samaritana, para ensinarmos aos outros a fonte donde brota a “água viva”. Para que também eles se possam encontrar com um Deus que salva.

 

5. Esse Deus que nunca nos abandona – Quando a dor bate à nossa porta ou quando somos atingidos por catástrofes inesperadas, a nossa fé pode ser posta à prova. “Será que Deus está mesmo no meio de nós?”, perguntou o povo de Deus, no deserto (1ª leitura). Não tenhamos dúvidas. Deus nunca nos abandona. A sua presença é visível sobretudo quando somos capazes de nos esquecer de nós mesmos e de dar a vida uns pelos outros, depositando no terreno sementes de amor mútuo e solidariedade.

 

Darci Vilarinho