Liturgia do 33º Domingo Comum – Ano C

(Last Updated On: 16/01/2023)

13 de novembro 2022
Mal 3, 19- 20; 2 Tes 3, 7-12; Lc 21, 5-19

 

Tudo passa, só Deus fica
1. “Dias virão dias em que, de tudo o que estais a ver não ficará pedra sobre pedra”, preconiza Jesus no Evangelho do 33º domingo comum.Tudo desaparecerá. Jesus refere-se aos últimos acontecimentos da nossa vida, e em particular à destruição de Jerusalém e ao fim do Templo. A Palestina era então governada por procuradores romanos, entre o quais o célebre Pôncio Pilatos. Foi por causa do desgoverno de um deles que o povo se revoltou violentamente contra o ocupante romano. Interveio então o Imperador Tito com as suas tropas e ocupou Jerusalém no ano 70 depois de Cristo. O Templo foi derrubado e a população massacrada. Jesus, neste trecho, preanuncia estes acontecimentos.

 

2. “Não ficará pedra sobre pedra”. Alguns discípulos, extasiados perante a grandeza e a magnificência do Templo, chamam a atenção de Jesus para todas estas maravilhas construídas pelo homem. “De tudo o que estais a ver não ficará pedra sobre pedra”. E assim aconteceu. Quantas e quantas outras obras grandiosas, símbolo de robustez e de poder, foram construídas no mundo inteiro e hoje não passam de uma recordação. Basta pensar nas Torres gémeas de Nova Iorque. Isto deve fazer-nos refletir sobre a caducidade das coisas construídas pelo homem, mesmo que pareçam inexpugnáveis.

 

3. Tudo passa! Tudo pode desabar dum momento para o outro. “Céus e terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”. Se queremos construir a nossa casa sobre a rocha, devemos ter uma fé inabalável em Deus e só n’Ele. Não no poder, na grandeza ou magnificência humana está a nossa segurança, mas n’Aquele que está para além de tudo isto. O fim dos tempos terá necessariamente que acontecer, mas antes será o fim de cada um de nós. A passagem, melhor dizendo, desta realidade para outra. Essa sim, marcada pela eternidade sem fim. Se nos fixarmos em Jesus, o nosso “fim” transformar-se-á na entrada para o Reino. “Vinde benditos do meu Pai ocupar o Reino que estava preparado para vós desde o início do mundo”.

 

4. É Jesus o nosso escudo espacial, o nosso refúgio seguro. É sobre Ele que devemos construir a nossa vida. Tudo passa, só Deus fica. Tudo nasce para morrer, mas nós nascemos para viver sempre com Ele e n’Ele. Temos esculpida em nós a sua divina imagem e a sua luminosa semelhança, destinada a brilhar pelos séculos. Os Santos já resplendecem nesta luz imensa, como estrelas brilhantes na Jerusalém Celeste. Que fazer para seguir o mesmo caminho? Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Tal como se lê na primeira leitura: “Mas para vós que temeis o meu nome, nascerá o sol de justiça, trazendo nos seus raios a salvação”.

 

5. Enquanto estivermos neste mundo, o que é preciso é viver comprometidos com a missão que nos foi confiada por Deus. No campo do Senhor há trabalho para todos. Felizes aqueles que o Senhor, quando vier, encontrar ocupados a fazer a sua vontade. S. Paulo, no trecho da carta aos Tessalonicenses deste Domingo, diz-nos que cada um deve colocar ao serviço dos outros as suas capacidades, fugindo da tentação de viver desordenadamente, ocupando-se com futilidades. “A esses ordenamos e recomendamos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que trabalhem tranquilamente, para ganharem o pão que comem”. O Apóstolo não hesita em propor-se como “exemplo a imitar”, enquanto trabalhou noite e dia para não ser de peso para ninguém. É um convite a empenhar-nos cada qual na missão que Deus nos confiou. Para nós cristãos, está implícita a missão de anunciarmos o Reino de Deus, como colaboradores diretos de Jesus. Aceitemo-la!

 

Darci Vilarinho