Liturgia da Dedicação da Basílica de São João de Latrão

9 de novembro 2025
Ez 47, 1-12; 1 Cor 3, 9-11.16-17); Jo 2, 13-22

 

Somos templos de Deus
1. Celebra se neste dia o aniversário da dedicação da basílica de Latrão, construída pelo imperador Constantino, no tempo do papa Silvestre I (314-335), em honra de Cristo Salvador, e catedral da Igreja de Roma. Inicialmente foi uma festa da cidade de Roma. Mais tarde, estendeu se à Igreja de rito romano, com o fim de honrar a basílica que é chamada «a igreja mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe» e como sinal de amor e comunhão com o Romano Pontífice.

 

2. A Eclesiologia do Vaticano II chama à Igreja povo de Deus que vive a fé e caminha como peregrina para a Jerusalém Celeste; povo convocado a ser Igreja, Corpo de Cristo, presente e visível no mundo. Um povo chamado pelo Senhor a ser pedra viva, assente em “Cristo pedra angular, escolhida e preciosa”, “porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo” (1 Cor 3, 17).
É uma Igreja chamada a escutar a Palavra de Deus, a viver e a celebrar a Eucaristia, a administrar os Sacramentos, a celebrar os sinais da fé e da salvação, numa espiritualidade de comunhão, de solidariedade e de partilha efetiva com os mais pobres.

 

3. Podemos dizer que a Igreja continua, como mãe, a gerar novos filhos no meio de dores e de angústias, pois muitos deles continuam a morrer como mártires, dando testemunho da sua própria fé. É um convite a sermos uma Igreja cada vez mais voltada para os pobres e à procura dos pobres, com a missão de anunciar e promover o respeito pelos direitos da pessoa humana e pela sua dignidade, tornando presente no mundo o mandamento novo do amor, o anúncio das bem-aventuranças e a prática das obras de misericórdia.

 

4. No trecho do Evangelho deste domingo Jesus, escandaliza-se porque “encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas.” Também hoje a casa de Deus nos apresenta inúmeros desafios, o mais acutilante dos quais é o número crescente de lugares vazios, os muitos lugares deixados vagos pelos que se decidiram a abandonar a vida da fé, cujo sentido lhes pareceu claudicar, ou por trocar a plenitude da graça por efémeras satisfações da alma ou por assumir a indiferença como forma religiosa. “A minha Casa é um lugar de oração”, diz o Senhor.
Mas o Evangelho aponta para outra dimensão mais profunda. Jesus apresenta-se como o verdadeiro templo de Deus que será destruído (pela sua morte), mas reedificado pela sua ressurreição. “Destruí este templo e em três dias o reedificarei” É através de Jesus que temos acesso ao Pai. Jesus ressuscitado, centro de cada Eucaristia, é o nosso lugar privilegiado de oração.
Por outro lado, na 2ª leitura, S. Paulo alerta-nos para outra realidade não menos importante. “Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito Santo habita em vós? Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá, porque o templo de Deus é santo e vós sois esse templo”.
Respeitar cada pessoa no seu corpo, na sua alma, nos seus direitos, na sua dignidade de filho de Deus é caminho seguro para amar a Deus.

 

Darci Vilarinho

Deixe a sua opinião

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.