Papa Leão XIV com Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar, Lucia Bortolomasi, Missionária da Consolata, e James Lengarin, superior geral dos Missionários da Consolata
Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulaanbaatar, na Mongólia, foi o primeiro Missionário da Consolata a participar num conclave. Através de um testemunho em vídeo prestado em italiano, mas com a tradução em português abaixo, é possível conhecer a visão do cardeal sobre dias de grande intensidade vividos recentemente no Vaticano, com projeção em todo o mundo: o falecimento do Papa Francisco, e a eleição de um novo Papa
A notícia da morte do Papa Francisco chegou-nos no dia a seguir à Páscoa, quando, por tradição, na Mongólia, nos reunimos com todos os missionários para um momento de fraternidade e partilha. Foi, portanto, uma experiência muito forte: quando os missionários tinham acabado de sair, chegou a notícia e, a partir daí, iniciamos o tempo de luto vivido juntamente com os nossos poucos fiéis mongóis. Para nosso espanto, recebemos muitas visitas das mais diversas pessoas, representantes de instituições civis, mas também de outras tradições religiosas, nomeadamente do mundo budista. O abade primaz do budismo mongol tinha-se encontrado pessoalmente com o Papa Francisco ainda em janeiro e ficou muito impressionado com ele; por isso, criámos um espaço para receber as visitas nos aposentos onde o Papa Francisco tinha ficado hospedado quando nos visitou, em setembro de 2023.
Foi um momento muito intenso. Foram muitas as pessoas, delegações, indivíduos e grupos que expressaram o seu afeto, a sua gratidão por este grande Papa que, certamente, deixou uma marca indelével na história da Mongólia, porque foi o primeiro Papa a visitar pessoalmente a Mongólia. Portanto, um momento de tristeza, de consternação, mas também de ação de graças, de gratidão por tudo o que o Papa Francisco fez e disse, pelos seus gestos, pelas suas palavras, pelo testemunho da sua vida que marcou muito o povo da Mongólia.
Depois foi o momento da viagem para Roma, com a toda a Igreja em luto pela morte do Papa Francisco, que celebrou o seu funeral, precisamente, no “Jubileu da Esperança”, colhendo os frutos do seu grande testemunho. A Mongólia também esteve presente nesse evento com uma delegação oficial. Esses dias foram marcados por congregações gerais que permitiram a todos os cardeais encontrarem-se e refletirem, num clima muito fraterno, sobre o estado atual da Igreja e a prepararem-se para o conclave.
Para mim, foi um verdadeiro acontecimento de graça, um momento de grande intensidade. Invocava muitas vezes São José Allamano, fundador dos Missionários e Missionários da Consolata, pensando que eu era, de certa forma, o primeiro Missionário da Consolata a entrar no conclave; pedia-lhe, realmente, que intercedesse por mim e por todos os cardeais, para que pudéssemos fazer esta experiência de fé profunda. Invoquei Nossa Senhora da Consolata em todos os momentos mais marcantes.
Para mim, foi como entrar no Cenáculo com os apóstolos, e viver esta atualidade que, na fé, é real. Tal como na Igreja dos primeiros dias depois do Pentecostes Pedro conduziu o grupo dos apóstolos, nós precisamos de novo de Pedro e, com a ajuda do Espírito Santo, num clima de fraternidade e de humildade verdadeiramente grande da parte de todos, chegamos então a Leão XIV. Por isso, quando pudemos encontrá-lo nessa mesma noite, cada um de nós saudou-o; e eu tive vontade de pedir em nome de todos os nossos missionários: “Que a Consolata o proteja, o inspire, o guarde neste ministério tão importante para toda a Igreja”.
Quando nos reunimos na Capela Sistina, que de certo modo se assemelhava ao “andar superior” onde se reuniam os Apóstolos, o ambiente de recolhimento e de oração em que tudo isto foi vivido foi fundamental para mim. A dimensão ritual deste acontecimento eclesial, a entrada em procissão para o canto das litanias, a invocação ao Espírito Santo no canto do Veni Creator. Depois, os gestos do escrutínio, a aproximação ao altar com o boletim de voto na mão, a pronúncia das palavras solenes do juramento de que, diante de Deus e em consciência, estávamos escolhendo a pessoa que, para nós, representava hoje Pedro. Tudo isto foi uma experiência de graça, pela qual agradeço muito ao Senhor.
Senti também a presença de todos os missionários e missionárias da Consolata, precisamente porque, onde há uma concentração de fé e de oração pela vida da Igreja. Certamente nós, missionários e missionárias, vibramos de um modo especial.
Isso levou à escolha do Papa Leão XIV, um missionário de grande projeção. Uma pessoa de fé, de grande preparação e estou certo de que conduzirá a Igreja da melhor maneira possível, precisamente devido à sua preparação e à sua longa experiência missionária.
Como missionários, não podemos deixar de nos alegrar por ter um sucessor de Pedro que conhece de perto a vida missionária. Confiamo-lo, portanto, a São José Allamano, à Virgem Consolata e às bem-aventuradas Irene e Lionella para que, juntamente com ele, continuemos a percorrer, com zelo apostólico, os caminhos da missão.
Com o novo Papa que a Providência nos deu, gostaria de saudar os missionários e as missionárias da Consolata, os amigos que nos apoiam, os benfeitores, toda a nossa grande família e retomar, juntamente com vocês, este carisma que São José Allamano nos deixou: de uma família missionária que tem no seu coração o sucessor de Pedro, que está em profunda comunhão com ele, que respeita o seu magistério e que ajuda as pessoas a compreender a importância do ministério do Romano Pontífice para toda a Igreja.
E, portanto, uma mensagem de esperança: continuar a aprofundar cada vez mais o carisma que recebemos, que é precioso e que deve ser sempre redescoberto, reproposto e “reexplicado” porque, por vezes, pode não ser plenamente compreendido.
A beleza de ser missionários e missionárias da Consolata ad gentes, de gastar a nossa vida em resposta a um chamamento específico do Senhor para servi-Lo onde a Igreja ainda não está presente ou está presente de forma incipiente; há portanto necessidade de “operários do Evangelho”, como os missionários e as missionárias. Este é um grande dom que, graças ao magistério e à orientação do Papa Leão XIV, poderemos redescobrir e repropor a toda a Igreja.
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