Testemunho: a Madeira que nos Pro-Voca

 

A viagem à Madeira para viver o Jubileu enquanto membro dos Pro-Voca – o grupo de jovens dos Missionários da Consolata em Fátima – foi uma verdadeira aventura de fé, vivida entre os passados dias 13 e 19 de agosto. Desde o primeiro dia, percebi que esta experiência era especial. A Ilha da Madeira recebeu-nos de braços abertos, com as suas paisagens de tirar o fôlego e, principalmente, com a simpatia do seu povo. Cada encontro tinha no seu centro sorrisos e um acolhimento incrível que nos fazia sentir em casa. Mas o que realmente nos impulsionava era o desejo de visitar as igrejas jubilares e, de forma concreta, experimentar a misericórdia e a alegria do Senhor.

 

Um dos momentos mais marcantes espiritualmente foi um encontro de oração e reflexão com os jovens da Calheta, que estavam prestes a receber o sacramento do Crisma. Aquela noite foi inesquecível. Entre cânticos, momentos de silêncio e oração, compartilhámos a “chama” que cada um carrega no coração. Naquele instante, não éramos grupos distintos; éramos uma família unida na fé, reunida à volta de Cristo. Ver aqueles rostos iluminados pela luz e esperança encheu-me de paz e gratidão. Foi como se Deus nos lembrasse de que cada um de nós tem um “fogo interno” que deve ser alimentado e compartilhado.

 

A experiência comunitária com o nosso grupo Pro-Voca também foi muito enriquecedora. Ao longo desses dias, tornámo-nos mais unidos, aprendendo a ouvir, a apoiar e a descobrir juntos o caminho da vocação. Cada conversa, risada e momento de silêncio tornou-se um convite para aprofundar a amizade e reconhecer a presença de Deus entre nós. Senti que não estávamos sozinhos: a vocação é sempre um caminho compartilhado.

 

Claro, a viagem não foi só oração; também tivemos a oportunidade de admirar e aproveitar as maravilhas da ilha. Visitámos as piscinas naturais do Porto Moniz, onde a beleza da criação nos fez louvar o Criador. Subimos até o Pico do Areeiro para ver o nascer do sol, um espetáculo que parecia um presente de Deus só para nós. Caminhámos até ao Pico Ruivo, o ponto mais alto da Madeira, e a dificuldade da subida transformou-se numa metáfora para a vida cristã: só com esforço, persistência e apoio mútuo conseguimos chegar mais longe. Passámos por praias deslumbrantes e, em cada paragem, sentíamos que a criação é um reflexo da bondade divina.

 

No entanto, no centro de tudo, estiveram sempre as igrejas jubilares. Ao passar por cada uma delas, fui compreendendo melhor o significado do Jubileu: renovar o coração, deixar para trás o que pesa e abrir espaço para a alegria de Deus. Cada igreja que visitámos foi mais do que uma construção de pedra; foi um encontro espiritual, um espaço de reconciliação e graça.

 

Nesta jornada, não consegui deixar de lembrar as palavras de São José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata: “Primeiro santos, depois missionários”. Eis o que devemos ser: santos e missionários! Senti que o espírito de Allamano nos acompanhava a cada passo. Ele sonhava com jovens apaixonados por Cristo, capazes de viver com alegria, orar juntos, apoiarem-se uns aos outros e lançarem-se em missão. Foi exatamente isso que experimentei na Madeira: uma fé viva, compartilhada e nutrida em comunidade. Inspirada nas palavras de Allamano, percebi que santidade e missão não são realidades distantes, mas começam nos pequenos gestos, no sorriso oferecido, no ombro amigo, na oração compartilhada e no caminho que percorremos juntos.

 

Ao regressar, trouxe no coração uma alegria imensa. Sou profundamente grata por ter sido tão bem acolhida, por ter vivido experiências que guardarei para sempre e, principalmente, por ter fortalecido laços de amizade que me acompanharão pela vida. Mais do que paisagens ou memórias, levo comigo a certeza de que Deus nos chama sempre a viver em comunhão, a compartilhar a “chama que arde” em nós e a seguir, confiantes, pelo caminho da vocação.

 

Esta viagem à Madeira foi um verdadeiro Jubileu de graça. Um tempo para parar, rezar, contemplar, rir e sonhar. Um momento em que percebi que a fé é jovem, que a Igreja é viva e que a vocação é uma aventura sempre aberta. No fundo, foi um convite de Deus – e um eco da voz de José Allamano – para continuar a caminhar com Ele, com alegria, esperança e um coração aberto.

 

Texto: Rita Prazeres

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