A mostra inaugurada sexta-feira, 5 de maio, homenageia este missionário da Consolata italiano que chegou a Fátima em 1943, onde fundou, em 1944, o primeiro Seminário da Consolata de Portugal. Em 1945 publicou o livro «Era uma Senhora mais Brilhante que o Sol», uma das obras de referência sobre Fátima, hoje um `best-seller´, traduzido em seis línguas e já na 26º edição. E é precisamente a figura do autor, e o que ele escreve neste livro, que está na base desta exposição temporária. O título da mostra inspira-se num capítulo que aparecia nas primeiras edições do livro e cujo título era precisamente «A minha romagem à Fátima».
No ato da inauguração, o diretor do Consolata Museu, Gonçalo Cardoso, referiu que esta mostra «é uma forma do Museu se associar às celebrações do Centenário das Aparições», e pretende «mostrar a importância que o padre João De Marchi teve no espalhar da Mensagem de Fátima pelo mundo».
Na mesma linha falou o padre Eugénio Butti, Superior dos Missionários da Consolata em Portugal, sublinhando que «é bom que esta exposição exista para lembrar o padre João De Marchi que, além de ter fundado os Missionários da Consolata em Portugal, foi um grande investigador dos acontecimentos de Fátima, um devoto de Maria e um grande divulgador no mundo da Mensagem de Fátima».
Já Margarida Rézio, da Universidade Católica, que há vários anos faz investigação sobre o padre João De Marchi, e que fez pesquisa para a exposição, confessou que desde o primeiro contacto que admira esta figura da Igreja. «Apaixona-me a vida do padre João De Marchi, ele era um padre humilde, muito santo, e sobretudo mariano, que reconhecia o valor da mulher. O que o Santo Padre agora incentiva, o padre João já fazia há muitos anos».
A investigadora revelou também algo que a surpreendeu nesta investigação sobre o padre João De Marchi. Contou que ele se deslocava numa bicicleta velha que tinha comprado, ajudava os padres nas freguesias vizinhas e, ao mesmo tempo, «ia fazendo uma investigação, utilizando o método etnográfico. Ele percorria as povoações, tentava saber o que se tinha passado sobre os acontecimentos de Fátima, e recolhia essa informação para o livro», disse.
«Acontece que nesse tempo – estávamos nos anos 40 – ainda não existia o estudo da sociologia em Portugal, que só se implantaria por cá em 1960. Portanto, o padre João estava a fazer um estudo etnográfico muito avançado para a época. Tudo isso é muito valorativo», concluiu, surpreendida com esta vertente inovadora do padre João.
A exposição é fruto do contributo de muitas pessoas, com destaque para os padres Aventino Oliveira e Jaime Marques, presentes na inauguração, e que integraram o primeiro grupo de seminaristas que entraram no seminário em Fátima, e privaram durante muitos anos com o padre João De Marchi. Foram também referidas algumas entidades que emprestaram objetos para ilustrar o contexto de cada capítulo da exposição. Especialmente o Mosteiro da Batalha, o Museu Municipal de Ourém, o arquivo fotográfico e a equipa da revista FÁTIMA MISSIONÁRIA, assim como a Quinta do Campo, de Valado de Frades (que foram protetores dos pastorinhos e a quem o padre João recorreu) e as Irmãs Servas de Nossa senhora de Fátima, entre outras.
Profusamente ilustrada com frases do livro, além de fotos (incluída uma foto do padre João com a irmã Lúcia, quando se encontraram em 1947, altura em que ele lhe deixou um exemplar do livro para que ela o corrigisse, e ela fez algumas correções) e objetos vários, esta mostra poderá ser vista até 29 de outubro de 2017, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.