O padre Stefano Camerlengo considera que os missionários devem «ser ainda mais em saída que uma Igreja em saída», e chama a atenção para uma ideia «muito em voga» que parece querer dizer que hoje em dia «tudo é missão». Uma ideia que, adverte, «pode ser perigosa». «Ad gentes significa sair da própria terra», e alguns «estão muito presos».«Nós, missionários, somos para os mais pobres, para os últimos», sublinha.
Falando na terça-feira, 12 de dezembro, aos participantes na Assembleia Pós Capitular do IMC Europa, em Fátima, e referindo-se à última assembleia magna do Instituto, observou que o XIII CG trouxe algumas novidades com relação aos anteriores. Uma delas foi o facto de os capitulares não terem estado tão preocupados «em produzir um belo documento», mas em concretizar «um projeto missionário» que possa efetivamente «responder ao momento atual do Instituto», e que «se possa viver lá onde cada um está».
«Sobram documentos»
«O problema da Missão no momento atual não são os outros, somos nós que não sabemos falar ao mundo de hoje», diagnosticou Camerlengo, com alguma dureza. Por isso, o Superior Geral do IMC – reeleito para um segundo mandato no último Capítulo Geral (CG) do Instituto, que teve lugar em Roma em maio e junho últimos – afirmou que é «preciso estar mais preocupado com o espírito do documento, do que com o documento em si», até porque, prosseguiu, «documentos é o que não nos falta na Consolata».
Síntese do XIII Capítulo Geral
Stefano Camerlengo resumiu em cinco os elementos que, na sua análise, saíram do último XIII CG: as dificuldades na área Formação no IMC: «a dificuldade de encontrar (bons) formadores»; a questão da memória, que é um pouco descurada no Instituto: «Recuperar a memória da Missão e dos missionários é fundamental»; a comunicação: «muito se escreve mas pouco se lê»; o acompanhamento dos missionários: «sobretudo dos jovens e dos idosos»; e o exercício da autoridade: «há quem se rodeie de tantas justificativas para não tomar decisões».
A Assembleia Pós Capitular do IMC Europa tem lugar nas instalações da Consolata, em Fátima, e congrega 31 participantes vindos da Itália, Espanha, Polónia e Portugal. Decorre entre 12 e 15 de dezembro, e ocorre seis meses após o final do XIII Capítulo Geral (CG), que teve lugar em Roma, entre maio e junho deste ano.
Albino Brás