Mártir Leonella Sgorbati

(Last Updated On: 13/05/2021)
Dia 17 de setembro celebramos a memória da Bem-aventurada Leonella Sgorbati, missionária da Consolata, mártir do diálogo e do perdão. As suas últimas palavras foram: ‘perdoo, perdoo, perdoo’. São as mesmas palavras de Jesus quando perdoou os que o crucificaram: “Pai, perdoa-lhes por que não sabem o que fazem”

A enfermeira italiana, Irmã Leonella Sgorbati, MC, foi martirizada na Somália, um domingo, 17 de setembro de 2006, enquanto atravessava a rua, depois de dar aula no hospital em Mogadíscio onde trabalhava. A religiosa foi assassinada a tiros por dois extremistas islâmicos. O muçulmano Mahamud Mohammed Osman, que a escoltava, também morreu. Levada para o hospital acabou falecendo. As suas últimas palavras foram: “perdoo, perdoo, perdoo”. São as mesmas palavras de Jesus quando perdoou os que o crucificaram: “Pai, perdoa-lhes por que não sabem o que fazem”. Seus restos mortais foram sepultados em Nairóbi, no Quénia.

Testemunha de diálogo e perdão
Na celebração da sua beatificação, em 26 de maio de 2018, na catedral de Piacenza, o cardeal Angelo Amato, SDB, afirmou: “Irmã Leonella faz parte de um cortejo de benfeitores da humanidade pobre e necessitada que foram mortos por ódio à fé cristã”.

Ao refletir sobre as últimas palavras pronunciadas pela mártir, (“perdoo, perdoo, perdoo”), o cardeal disse: “Estas palavras constituem a carta de identidade do mártir cristão que não é um assassino, mas uma vítima desamparada e inocente. O mártir cristão recebe o mal por bem, morte por vida e ao rancor responde com amor. Seguindo os ensinamentos de Jesus, o mártir não se vinga pela ofensa recebida, mas perdoa, reza e faz o bem por aqueles que o perseguem. O martírio da Irmã Leonella, se torna então, sinal de esperança espalhado sobre a terra da humanidade que dará flor e fruto de bem. Diante das forças obscuras da morte, o mártir cristão mostra o horizonte luminoso da vida. O martírio da nossa bem-aventurada convida a depor as armas e a transformá-las em instrumentos de trabalho e de paz”.

Não são as armas nem os métodos baseados na prepotência com expressões de ódio e vingança que garantem a paz. A paz duradoura e desejada por Deus para toda a humanidade nasce do diálogo e do perdão. Com Leonella, o mundo deveria aprender a reconciliação e o perdão.

Mártires quotidianos
A mártir Leonella era religiosa centrada em Cristo e enfermeira dedicada a cuidar e salvar vidas. Profundamente apaixonada pela sua vocação, vivia-a com alegria, sentindo-se realizada na sua doação total ao Senhor na missão. Diante da pandemia de Covid-19 que assola o mundo, hoje a mártir nos recorda tantas pessoas que generosamente doam a vida para salvar outras vidas. Mesmo sem derramar seu sangue, são mártires do quotidiano, mártires da quotidianidade na vivência do amor e da caridade.

Na oração do Angelus, em 23 de junho 2013, o Papa Francisco lembrou que “os mártires são o máximo exemplo do perder a vida por Cristo. Em dois mil anos são uma fileira os homens e as mulheres que sacrificaram a vida para permanecerem fiéis a Jesus Cristo e ao seu Evangelho (…). Essa é a nossa Igreja. Hoje temos mais mártires do que nos primeiros séculos. Mártires quotidianos, mártires da quotidianidade!”

Na Igreja, enquanto houver martírio, ou seja, fidelidade a Cristo, haverá credibilidade, profecia e esperança. O que conta é a fidelidade à missão recebida. Uma vez aceito o perigo, essa fidelidade é iluminada pela Cruz de Cristo. “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só, mas se morrer, dá muito fruto (Jo 12,24).

Leonella foi fiel até o fim. Lavou suas vestes no Sangue do Cordeiro (Cf. Apoc. 22, 14). Que ela interceda por nós e por toda a humanidade.

Biografia
Com o nome de Rosa Maria, a bem-aventurada Leonella nasceu em Gazzola, perto de Piacenza, norte da Itália, no dia 9 de dezembro de 1940. Ingressou na congregação das missionárias da Consolata (MC), em 1963, professando os votos perpétuos em 1972. Estudou enfermagem na Inglaterra e, em 1970, foi designada a trabalhar no Quénia, onde, em 1985, dirigiu a escola de enfermagem adjunta ao Hospital Nkubu. Em 1993, foi eleita superiora Regional das missionárias da Consolata no Quénia. Em 2001, transferiu-se para Mogadíscio, capital da Somália, onde abriu uma escola de enfermagem na cidade. Em 2006, antes de ser assassinada, formaram-se os primeiros 34 enfermeiros jovens somalis de maioria muçulmana. Seus restos mortais foram sepultados em Nairóbi, no Quénia.

Irmã Leonella foi beatificada no dia 26 de maio de 2018, durante celebração na catedral de Piacenza, na Itália.

Jaime C. Patias, IMC, Conselheiro Geral para América