Liturgia do Domingo 2º Domingo da Páscoa – Ano A

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Com as portas fechadas

Act 5, 12-16; Ap 1, 9-19; Jo 20, 19-31

“Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco»”.

1. “Estando fechadas as portas” – Este ano, infelizmente todos celebramos este tempo pascal de portas fechadas. Das igrejas e das nossas casas. É por uma boa razão: para que não sejamos contaminados pelo vírus que se espalha pelo mundo. Mas não tenhamos medo. O medo pode paralisar as nossas energias. O medo não é cristão. Com o medo não é possível amar o mundo, tal como o ama Deus. É preciso olhar para o mundo e amá-lo com os olhos e o coração de Deus. Jesus não quer que as portas do nosso coração estejam fechadas. Quer que abramos o coração à solidariedade generosa. Mesmo com as portas das nossas casas e das igrejas fechadas, Jesus está no meio de nós. Vestido com uma bata de médico ou de enfermeiro nos hospitais ou lares do nosso país. Vestido de cozinheiro ou de cuidador de crianças ou de idosos numa casa de família. Viajando pelas estradas para fornecer os mercados. Ele está lá, servindo, cuidando, ajudando, encorajando. Ele está no meio das nossas situações mais incríveis para nos iluminar e encorajar na luta contra todos os perigos.

2. “Jesus veio colocar-se no meio deles” – Quer dizer: no meio dos Apóstolos reunidos no cenáculo. Assim hoje no meio de nós. Foi para isso que ressuscitou: para formar um povo unido à sua volta, convocado e enviado a anunciar a sua Ressurreição. A Igreja é a assembleia festiva que torna presente, celebra, anuncia e proclama a Ressurreição do Senhor. Tomé não estava com eles e por isso não acreditou. A fé nasce desta presença viva de Jesus entre os irmãos. É viver como Cristo vive, é estar onde Ele está, é estar em comunhão com toda a Igreja, é acreditar no que Pedro acredita. “Vimos o Senhor”. A partir de agora, para acreditar como Tomé, tenho que tocar Cristo e entrar em relação pessoal com Ele. Tocar-lhe as chagas, cair de joelhos e professar: Meu Senhor e meu Deus.

3. “Cada vez mais gente aderia ao Senhor pela fé”, narram os Atos dos Apóstolos na 1ª leitura deste 2º Domingo da Páscoa. As pessoas aderiam pela força de Cristo Ressuscitado, presente entre os Apóstolos. Pelo testemunho da comunidade dos seguidores de Jesus. Hoje, como ontem, é necessário que mais gente adira ao Senhor. Pela graça de Cristo Redentor, pela nossa comunhão com Ele, pelo anúncio missionário que fazemos, mas também pelo testemunho da nossa fé e da nossa esperança e por todos os gestos de bem-fazer.

4. “Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, porque a eterna a sua misericórdia”, rezamos nós, neste Domingo, com o salmo responsorial. É o Domingo da Misericórdia. Detenho-me no gesto do Mestre, que transmite aos discípulos receosos e admirados a missão de serem ministros da Misericórdia divina. Soprando sobre eles, Jesus confia-lhes o dom de “perdoar os pecados”, dom que brota da ferida do seu lado trespassado: uma vaga de misericórdia para toda a humanidade. Recordo que o Domingo da Misericórdia foi instituído por João Paulo II, que beatificou e canonizou a Irmã Faustina Kowalska, que tinha recebido de Jesus o encargo de difundir no mundo esta devoção. Leia-se o seu “Diário”. Excelente! Esta é mais do que uma devoção, é o caminho do Evangelho vivido em cada Páscoa: a misericórdia, a reconciliação e a paz dos corações. João Paulo II, faleceu, precisamente no dia 2 de abril de 2005. E eu estava lá nessa noite, rezando com a multidão na Praça de São Pedro. Era o sábado, vigília do dia da Divina Misericórdia. Deus lá sabe porquê. E foi canonizado pelo Papa Francisco precisamente no Domingo da Misericórdia. De certeza que não são só coincidências.

Darci Vilarinho