Liturgia do 6º Domingo Comum – Ano A

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Vai primeiro reconciliar-te…

Sir 15, 16-21; 1Cor 2, 6-10; Mt 5, 17-37

“Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta”. (Mt 5,23s)

É muito prática esta Palavra. Jesus é exigente connosco. Não tolera meias medidas. Há muita gente que vive ainda na antiga lei do olho por olho, dente por dente. Ainda não se converteu à nova lei do amor. Tudo, na verdade, se resume a essa lei. Para muitos os mandamentos da Lei de Deus são um colete-de-forças que amarram as pessoas, quando afinal deveriam ser um par de asas que elevam até ao céu. Todas as leis se resumem ao mandamento do amor. Já não basta cumprir, é preciso amar. É o amor que tem a última palavra, porque só ele dá sabor e valor a tudo o que fizermos. Quando fores à Igreja celebrar o sacrifício do Senhor, se por acaso te recordares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa tudo e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então estarás em condições de fazer a tua oração.

Uma pessoa que se reúne de vez em quando com o seu grupo apostólico, contou-me que  perante essa Palavra que um dia foi proposta no grupo “Deixa aí a tua oferta e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão”, tomou uma decisão muito firme: “Pensei: como posso chegar diante do altar para fazer a minha oferta; e como poderei receber a Eucaristia sabendo que meu irmão tem algo contra mim?
Foi então que resolvi procurar uma pessoa. Resolvi enviar-lhe uma mensagem por e-mail. Na mensagem pedia-lhe que me perdoasse por tê-la ofendido. Dizia-lhe também que não deveria ter feito o que fiz, não daquela maneira ostensiva; que ela tinha razão em não permitir que eu me intrometesse na sua vida, mas que não me quisesse mal por isso. Dizia-lhe que de modo algum lhe queria mal; que o carinho que sentia por ela em nada mudaria; que continuaria a amá-la, apesar de tudo. E, por fim, a partir daquele dia a única coisa que iria continuar a fazer, em relação à sua vida, era rezar para que Deus lhe concedesse saúde e paz. Valeu a pena ter ido a esse encontro que me fez um bem muito grande.  Se não tivesse ido, não teria a oportunidade de reconciliar-me com meu irmão. Ficaria remoendo, como fiquei a semana toda”.

Se olharmos para a nossa vida, encontraremos muitas situações em que esta Palavra tem pleno cabimento. O amor é a plenitude da lei. S. Agostinho dirá a tal respeito palavras de muita sabedoria: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, os frutos não serão outra coisa senão amor”. Quem ama, de facto, só pode fazer o bem. E querer o bem é muito exigente. Não é “ama e faz o que te apetece”, o que seria uma contradição. É antes: Se amares de verdade, vais saber escolher o bem e o melhor para os outros e para ti.

Darci Vilarinho