Miq 5, 1-4; Hebr 10, 5-10; Lc 1, 39-48
“Eis-me aqui!” disse Jesus ao Pai. E a sua vida entrou na nossa vida. “Eis-me aqui!” disse Maria ao Anjo do Senhor. E a sua vida foi obediência nas mãos do Pai. Dois “Sim” unidos, início de vida nova, programa de redenção. E Maria parte em missão para levar esta vida nova a Isabel e a João. Por intermédio de Maria, obediente ao seu plano, Deus visita o seu povo na pessoa de Isabel. Isabel está grávida de dois milénios de expectativa. É a humanidade carregada de solidão e angústia que espera o seu Redentor. Maria traz o eterno esperado. É o primeiro encontro de Deus com o seu povo, primícia de todas as bênçãos que traz para o mundo. Hoje, tal como ontem, é Maria quem nos oferece Jesus para o conhecermos e amarmos. Mais: para o testemunharmos e anunciarmos. Com Maria digamos: A minha alma glorifica o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador. E que a nossa vida acompanhe a sua na aceitação da vontade do Deus e na missão que também a nós o Senhor confiou.
Eis-me aqui, Senhor! – Ao amor de Deus que o procurava, na desobediência e na fuga, Adão respondera: “Escondi-me”. Agora, em Maria, é toda a humanidade que responde: “Eis-me aqui”. E Deus exulta de alegria. Do amor recusado ao amor acolhido. Se o teu coração se tornar livre e disponível como o de Maria, tu serás a alegria de Deus e encontrarás nele a tua felicidade. Eis-me aqui, Senhor, também hoje diante de ti, todo renovado assim como tu me queres. Eu serei a resposta ao teu apelo
Estamos às portas do Natal. Maria no-lo ensina a preparar. O seu não era o Natal das montras enfeitadas ou das árvores iluminadas. Era o Natal verdadeiro daquele que veio para mudar a face da terra. Acolhamo-lo no nosso coração e espalhemos pelo mundo a sua mensagem de salvação. Ensina-nos, ó Mãe, a preparar o Natal do teu divino Filho. E Ela o fará. Porque “Maria é capaz de transformar um curral de animais na casa de Jesus com pobres paninhos e uma montanha de ternura”, diz o Papa Francisco. Que Ela transforme a nossa vida na casa onde Jesus possa habitar.
Depois de amanhã é Natal. Não fiquemos parados. Ponhamo-nos a caminho e vamos até Belém. E se em vez de um Deus triunfante e glorioso nos embatermos na fragilidade de um menino, não pensemos que nos enganámos no caminho. O rosto amedrontado dos oprimidos, a solidão dos infelizes, a amargura de tanta gente é o lugar onde Jesus continua a nascer e a viver em fragilidade. Descubramos o rosto de Jesus na Belém do nosso tempo.
Acolhamos a prenda da Mãe – Com a liturgia deste tempo digamos: “Nós te louvamos, bendizemos e glorificamos, Senhor, pelo admirável mistério da Virgem Mãe: Do antigo adversário veio a ruína, do seio virginal da Filha de Sião germinou Aquele que nos alimenta com o pão dos Anjos e brotou para todo o género humano a salvação e a paz. A graça que em Eva nos foi tirada, foi-nos restituída em Maria. Nela, Mãe de todos os homens, a maternidade, resgatada do pecado e da morte, recebe o dom da vida nova: onde abundou a culpa, superabundou a misericórdia, por Cristo, nosso Salvador”.
Obrigado, ó Mãe de misericórdia, pelo mistério bendito do teu Sim ao plano de Deus em nosso favor! Obrigado, ó Mãe, por nos dares, hoje como ontem, o teu Filho Jesus.
Darci Vilarinho