Liturgia do 3º Domingo de Advento – Ano A

Dar com alegria

Is 35, 1-10; Tiago 5, 7-10; Mat 11, 2-11

“Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria”. São expressões cheias de esperança e de alegria do profeta Isaías, na liturgia deste Domingo. A proximidade do Natal convida-nos a exultar, porque Deus se faz próximo de cada pessoa desta nossa      tão atormentada humanidade.

Por outro lado, Jesus apresenta-se no Evangelho como aquele que cumpre as obras que dão aos necessitados alegria de viver. “Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a boa nova é anunciada aos pobres”. São os sinais da presença salvadora do nosso Deus. Estes “sinais” que Jesus realizou enquanto esteve entre nós devem agora ser realizados pelos seus discípulos que continuam no mundo, em seu nome, a ação libertadora de Deus. Há muitos que continuam “cegos”, porque não veem os sinais de Deus. Há outros que não têm ouvidos para escutar a sua Palavra. Há outros ainda que vivem paralisados nas enxergas da nossa sociedade. Será que encontram em nós um sinal vivo do Cristo libertador que lhes traz a salvação? Ou uma Palavra viva que os desperte para a comunhão e para o amor?

Não podemos pensar só em nós. Esta quadra que nos prepara para o Natal é propícia para gestos de partilha com outros que vivem em situações de marginalidade. Que ninguém esteja triste que não soframos com ele, que ninguém esteja sozinho, que não vamos ao seu encontro; que ninguém esteja em necessidade, que não partilhemos com ele o que temos; que ninguém esteja desorientado ou em tentação, que não lhe estendamos a mão encorajadora. Então Deus será fonte de verdadeira alegria através dos nossos gestos.

É nossa missão semear alegria: dar confiança, esperança e alegria ao nosso mundo. Um coração apostólico tem que ser um coração alegre. Se irradio alegria, prego sem pregar lá onde o Senhor me colocou. Não falarei eu, mas falarão as boas obras feitas com alegria para que o Pai seja glorificado. O Papa Francisco fala-nos da “suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando for preciso semear com lágrimas”. Disse alguém que entendia estas coisas: “Semeia a alegria no coração do teu irmão e vê-la-ás florir no teu”. É tão verdade que até Gandhi o admitiu: “o amor não precisa de ser narrado: deve ser vivido na alegria e então espalha-se por si mesmo”. Conta para o nosso Deus tudo o que fizermos pelos outros com alegria e com o intuito de os tornarmos felizes já nesta terra. O que conta para Deus é o coração do homem, a sua capacidade de amar, a sua luta pela justiça, a sua abertura à universalidade. O que conta é semear grãos de esperança e de alegria. O nosso sorriso, as nossas energias, a nossa coragem, o nosso entusiasmo serão as sementes do reino de Deus que todos podemos espalhar e que Ele espera de nós para que nesta terra nasça mais esperança e mais confiança.

Darci Vilarinho