Liturgia do 3º Domingo da Páscoa –Ano A

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Somos todos Discípulos de Emaús

Act 2, 14-33; 1Ped 1, 17-21; Lc 24, 13-35

1. O texto do Evangelho que nos é proposto para o 3º Domingo da Páscoa apresenta-nos Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, a caminhar ao lado dos discípulos, a explicar-lhes as Escrituras, a encher-lhes o coração de esperança e a sentar-se com eles à mesa para “partir o pão”. É aí que os discípulos O reconhecem. São dois discípulos: um chama-se Cléofas; o outro não é identificado, como se o evangelista Lucas quisesse dizer que podia ser qualquer um dos crentes que tomam conhecimento da história. Pode ser qualquer um de nós, que deseja encontrar-se com Jesus. São Lucas quer explicar aos cristãos para quem escreve – na década de 80 – como é que podem descobrir que Jesus está vivo e como podem fazer a experiência do encontro com Jesus ressuscitado.

2. Na vida de todos os dias, na caminhada de cada um de nós, fazemos tantas vezes a experiência do desalento e do desânimo. Somos todos atingidos pelas crises ou fracassos. A falência de tantos nossos sonhos deixa-nos frustrados, perdidos, desalentados. Por vezes, parece que nada faz sentido e que Deus anda ausente da nossa vida. Não o vemos, não o sentimos. São Lucas quer-nos garantir que Jesus, vivo e ressuscitado, caminha sempre ao nosso lado. Ele é esse companheiro de viagem, mesmo se nem sempre somos capazes de O reconhecer.

3. A cena de Emaús é uma obra-prima de catequese litúrgica e missionária. É o itinerário de dois discípulos que deixam Jerusalém na desilusão para aí regressarem depois, na alegria e confiança, porque encontraram Jesus na Escritura e no Partir do pão. Emaús é uma certeza de que quando escutamos a Escritura na Liturgia da Palavra e participamos do pão eucarístico, é verdadeiramente Cristo que, com o seu corpo, sangue, alma e divindade, entra na nossa vida para nos divinizar, trilhar os nossos caminhos e infundir em nós a fé e a esperança.

4. Somos todos discípulos de Emaús. Na eucaristia de cada domingo é Cristo Jesus que, velada e misteriosamente, entra e se coloca no meio de nós. É Ele que entra na nossa casa e fica connosco. “Se alguém me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo” (Ap 3, 20). É Ele quem nos explica a Palavra, sustém a nossa oração, dá-se em comunhão e nos envia pelos caminhos da vida a comunicar a alegria da nossa fé.
Sempre que nos juntamos com os irmãos à volta da mesa de Deus, celebrando na alegria e na festa o amor, a partilha e o serviço, encontramos o Ressuscitado a encher a nossa vida.

5. Os dois discípulos regressaram logo de seguida à comunidade donde tinham partido. É o Evangelista Lucas a dizer-nos que o Jesus encontrado e vivido em cada Eucaristia deve ser levado por nós para os caminhos do mundo e partilhado com os nossos irmãos. Para anunciar a todos que Ele está vivo e se oferece à humanidade inteira através dos nossos gestos de amor, de partilha e de serviço. É esta a nossa missão.
Entra, Senhor, na nossa casa e reparte connosco o teu Pão, para que, instruídos e alimentados pela tua palavra e pelo teu corpo, possamos também nós ser enviados.

Darci Vilarinho