Liturgia do 30º Domingo Comum – Ano C

Cada um de nós é missão

Sir 35, 15-22; 2Tim 4, 6-18; Lc 18, 9-14

S. Paulo deixou-se envolver completamente pela missão que Jesus lhe confiou. No fim da sua vida pôde serenamente dizer: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé… O Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem”.

Neste mês Missionário Extraordinário, por indicação do Papa Francisco, é bom alertar-nos todos para a realidade da Missão, que não é só de alguns. A obra missionária é uma enorme obra de misericórdia, diz-nos o Papa Francisco. É de todo o cristão consciente dos seus compromissos. O “por meu intermédio” de S. Paulo aplica-se a cada um de nós. Aqui ficam três ideias que considero fundamentais para entendermos a nossa missão na Igreja. São extraídas de uma entrevista de Dom António Couto, atual bispo de Lamego, à Agência Ecclesia:

1. A «Missão ad gentes não é tanto uma maneira de demarcar espaços onde haja que levar o primeiro anúncio do Evangelho, mas é mais o modo feliz, ousado, pobre, despojado e dedicado de o cristão sair de si para levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja quem for, seja onde for». Cada um de nós é uma missão, como disse o Papa Francisco.

2. «A evangelização é sempre “primeira”. E só sendo “primeira”, é verdadeira. E “primeira” significa aquela que Jesus mandou fazer aos seus Apóstolos e discípulos, ao estilo de Jesus Bom Pastor, pobre e humilde, sem ouro, nem prata, nem cobre, nem duas túnicas, totalmente devotado ao Pai e às suas ovelhas, todas suas, quer as que estão perto quer as que estão longe ou andam perdidas, sem olhar às etiquetas do mundo de então. É esta Evangelização que a Igreja tem sido sempre chamada a fazer, ao estilo de Jesus, e não pode deixar de fazer, sob pena de se desdizer, perdendo a sua identidade: levar Cristo ao coração de cada ser humano, seja quem for, seja onde for»

3. «Evangelizar não pode ser um luxo de alguns. Tem de ser normalidade para todos. É preciso tomar consciência de que é toda a Igreja que é missionária, e que, portanto, ser cristão implica necessariamente ser missionário. Que o cristão não necessita de outra vocação para ser missionário: basta a vocação que tem. Que «cristão» e «missionário» não identificam duas figuras distintas nem duas vocações distintas, mas são qualificações incindíveis do discípulo de Jesus. Que ninguém pode pensar que se pode ser, em primeiro lugar, cristão, e depois, se se sentir chamado e se quiser, vir também a ser missionário. Para o cristão, ser missionário é a sua maneira de ser, a sua identidade, a sua graça, é uma necessidade, é de fundo e não um adereço facultativo. A sua referência permanente é Jesus Cristo, e o seu horizonte são todos os corações».
Que a tua Igreja, Senhor, sobretudo neste mês missionário, acorde para a realidade da Missão, proclame o teu Evangelho e se fortaleça na fé.

Darci Vilarinho