Liturgia do 29º Domingo Comum – Ano B

Gastar a vida pelos outros

Is 53, 2.10-11; Heb 4, 14-16; Mc 10, 35-45

“Não deve ser assim entre vós: Quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos”.
É esta a grande lição de Jesus: para os seus discípulos que manifestaram sonhos pessoais de ambição, de grandeza e de poder; e para todos nós, tentados tantas vezes a seguir esses mesmos caminhos. O caminho que Jesus propõe à sua comunidade é outro: fazer como Ele “que não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida”.
É assim que se apresenta Jesus: como aquele que veio para servir dando a vida. É a mais bela definição de Deus. Deus ao serviço do homem. Os homens fazem-se servir, mas Deus coloca-se totalmente ao serviço do homem. Para Jesus o poder traduz-se por serviço.

Celebra-se neste 29º Domingo Comum o Dia Missionário Mundial. Sabemos que a missão no mundo de hoje é um empenho de todos os cristãos. Mas perguntemo-nos: O que é a Missão? Porque é que se vai em Missão? Porque é que a Igreja só o é verdadeiramente se for missionária?

A Missão é fundamentalmente o grande anúncio do Reino de Deus no meio de nós feito por Jesus e continuado pelos seus apóstolos. Jesus, o enviado do Pai e nós, os seus enviados.
A Missão é a alegria de conhecer a Deus como Pai e como amor, anunciando aos outros, tal como fizeram os apóstolos, a pessoa e a obra de Cristo, o Filho Unigénito do Pai. Acreditar que Deus me ama imensamente é uma alegria que contagia.
A Missão é crer que Jesus morreu, dando a vida por todos, também por aqueles que não o sabem. Como Paulo que não conheceu Jesus durante a sua vida terrena, também eu e cada um de nós, podemos afirmar: “Ele me amou e a si mesmo entregou por mim”.
A Missão é seguir os passos de Nossa Senhora que, consciente de levar no seu ventre o Salvador do mundo, “pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha a uma cidade da Judeia”.
A Missão é levar ao mundo o fogo que Jesus veio trazer à terra ansiando que ele seja ateado.
A Missão é difundir a luz que é Jesus Cristo, “a luz verdadeira, que ilumina todos os homens”.
A Missão é levar ao mundo a água que dá vida: “Se conhecesses o dom que Deus tem para dar – disse Jesus à Samaritana – e quem é que te diz ‘dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias, e Ele havia de dar-te água viva! … uma fonte de água que jorra para a vida eterna”. E a Samaritana foi logo anunciar esse dom aos seus conterrâneos.
A Missão é dar a vida “pela salvação do mundo”, é comunicar essa vida que nos trouxe Aquele que veio “para que tenham vida e a tenham em abundância”.
A Missão é ser no mundo testemunhas do Ressuscitado: “Recebereis a força do Espírito Santo… e sereis minhas testemunhas… até aos confins da terra”.

De facto, “o missionário é o homem da caridade: para poder anunciar a todo o irmão que Deus o ama e que ele próprio pode amar, ele terá de usar de caridade para com todos, gastando a vida ao serviço do próximo. Ele é o «irmão universal», que leva consigo o espírito da Igreja, a sua abertura e amizade por todos os povos e por todos os homens, particularmente pelos mais pequenos e pobres. Como tal, supera as fronteiras e as divisões de raça, casta, ou ideologia: é sinal do amor de Deus no mundo, que é um amor, sem qualquer exclusão nem preferência” (Redemptoris missio, 89).

Darci Vilarinho