Is 3, 1-7; Fil 4, 6-9; Mt 21, 33-43
Diz-nos a liturgia deste domingo que Deus é um Pai que nos ama, cuida de nós, interessa-se continuamente por nós. Como o agricultor que cuida amorosamente da sua vinha. “Vós sois a agricultura de Deus”, dirá S. Paulo. O amor de Deus por nós é um amor gratuito. Ama-nos mesmo que recusemos o seu amor ou não demos importância à sua presença, à sua Palavra, aos seus mandamentos. É um Deus de tal modo apaixonado pela humanidade que lhe entregou o próprio Filho, crucificado e morto pelos vinhateiros.
Todos fazemos parte desta Igreja, a vinha do Senhor, que Jesus plantou com tanto esmero e que depois confiou a todos os homens para que nela produzissem frutos de salvação. Para realizar tal projeto serve-se de cada um de nós, trabalhadores da sua vinha. Tudo o que recebemos: vida, batismo, fé, saúde, inteligência, tudo deve ser posto ao serviço do Reino de Deus. Sempre, mas sobretudo neste mês missionário.
No Evangelho, Jesus censura fortemente os líderes judaicos que em seu benefício se apropriaram da “vinha de Deus” e que se recusaram sempre a oferecer a Deus os frutos que Lhe eram devidos. Jesus anuncia que a “vinha”, pela qual tanto fez, vai ser-lhes retirada e vai ser confiada a trabalhadores que produzam e que entreguem a Deus os frutos que Ele espera.
Deus não tolera uma “vinha” que produza “sangue derramado” e “gritos de horror”. O “sangue derramado” das vítimas da violência e do terrorismo, das guerras religiosas e de todos os sistemas que geram morte e sofrimento continua a tingir a nossa história. Os “gritos de horror” de tantos homens e mulheres privados dos direitos mais elementares, marginalizados e excluídos, continuam a escutar-se na Europa, na Ásia, na África, nas Américas…
“Por isso vos digo: Ser-vos-á tirado o reino de Deus e dado a um povo que produza os seus frutos”. A história da missão da Igreja no mundo registou ao longo dos séculos tantas comunidades que desapareceram. Vejam-se as comunidades cristãs do Norte da África e da Ásia, das quais hoje só possuímos os nomes. Outras foram surgindo noutros continentes, abriram-se ao Evangelho e continuam a dar frutos. Outras ainda, na Europa sobretudo, mostram sinais de cansaço e pouco fruto.
É certo que, se os povos se fecharem em si mesmos, mais cedo ou mais tarde desaparecerão. Mas se se abrirem a uma dinâmica missionária e se dispuserem a testemunhar a própria fé, os frutos hão de surgir e crescer. É o respiro missionário que renova a fé e a vida cristã de toda a Igreja. “De facto, a missão renova a Igreja, revigora a sua fé e identidade, dá-lhe novo entusiasmo e novas motivações. É dando a fé que ela se fortalece! A nova evangelização dos povos cristãos também encontrará inspiração e apoio no empenho pela missão universal. A evangelização missionária constitui o primeiro serviço que a Igreja pode prestar ao homem e à humanidade inteira, no mundo de hoje” (RM 2).
Que o mês missionário contribua para revigorar a nossa fé e a nossa responsabilidade na evangelização do mundo, para que possamos dar os frutos que Deus espera de nós.
Darci Vilarinho