Ez 18, 25-28; Flp 2, 1-11, Mt 21, 28-32
1. «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Foi ter com o primeiro e disse-lhe: ‘Filho, vai hoje trabalhar na vinha’. Mas ele respondeu-lhe: ‘Não quero’. Depois, porém, arrependeu-se e foi. O homem dirigiu-se ao segundo filho e falou-lhe do mesmo modo. Ele respondeu: ‘Eu vou, Senhor’. Mas de facto não foi. Qual dos dois fez a vontade ao pai?» Perguntou Jesus. A resposta é óbvia. Aquele que se arrependeu do seu “não” e foi trabalhar para a vinha do pai.
2. A Palavra de Deus deste 26º Domingo Comum exorta-nos a um compromisso sério e coerente com Deus. Diante das suas propostas, podemos assumir duas atitudes: ou dizer “sim” a Deus e colaborar com Ele, ou escolher outros caminhos de egoísmo e de comodismo. Não bastam boas intenções, mas compromissos sérios que transformem a nossa vida e ajude a vida dos outros. Também a nossa oração deve seguir o mesmo caminho. De facto, noutra passagem do Evangelho, Jesus afirma que “não é aquele que diz: Senhor, Senhor, que entra no Reino de Deus, mas aquele que cumpre na realidade da vida a vontade de Deus”.
Muitas vezes exprimimos a Deus a nossa confiança através de uma bela profissão de fé, reafirmamos-Lhe o nosso amor através de belas orações, mas isso não basta. É preciso pôr em ação a nossa fé, a nossa esperança e a nossa caridade. Então, seremos verdadeiros “praticantes”, isto é, pondo em prática o que ouvimos na Palavra de Deus.
3. Fazer a vontade do Pai é a condição essencial para entrar no Reino dos Céus. Toda a vida de Jesus é a manifestação da sua adesão filial à vontade do Pai. É um abandono filial nas mãos do Pai. Até na Cruz Ele disse filialmente: “nas tuas mãos, ó Pai, entrego o meu espírito”.
Também nós, para sermos “filhos” de Deus temos que imitar o Filho no cumprimento fiel da vontade do Pai. Não bastam palavras e declarações de boas intenções; é preciso viver, dia a dia, os valores do Evangelho, seguir Jesus nesse caminho de amor e de entrega que Ele percorreu, construir, com gestos concretos, um mundo de justiça, de bondade, de solidariedade, de perdão e de paz.
“Os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o Reino de Deus”, acrescentou Jesus. Porque se arrependeram e enveredaram a sua vida pelos caminhos de Deus. Não faltam pessoas que sabem tudo sobre Deus, que se consideram família privilegiada de Deus, mas que desprezam os irmãos que não têm um comportamento “religiosamente correto” ou que não cumprem estritamente as regras do “bom comportamento” cristão… Atenção: não temos qualquer autoridade para catalogar as pessoas, para as excluir e marginalizar… Na perspetiva de Deus, o importante não é que alguém se tenha afastado ou que tenha assumido comportamentos marginais e escandalosos; o essencial é que tenha acolhido o chamamento de Deus, se tenha arrependido e tenha aceitado trabalhar “na vinha”. É por isso que Jesus diz algo de inaudito aos “santos” príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo: “os publicanos e as mulheres de má vida irão diante de vós para o Reino de Deus”. Não podemos ser cristãos de fachada, mas uma vez convertidos, viver os compromissos da nossa fé.
Darci Vilarinho