Liturgia do 24º Domingo Comum – Ano A

Assim como nós perdoamos

Sir 27, 30-28, 7; Rom 14, 7-9; Mat 18, 21-30

1. A Palavra de Deus da liturgia do 24º domingo do tempo comum fala do perdão. Apresenta-nos um Deus que ama sem cálculos, sem limites e sem medida; e convida-nos a assumir uma atitude semelhante para com os irmãos que, dia a dia, caminham ao nosso lado. Fala-nos de um Deus cheio de bondade e de misericórdia que derrama sobre os seus filhos – de forma total, ilimitada e absoluta – o seu perdão. Somos convidados a descobrir a lógica de Deus e a deixar que a mesma lógica de perdão e de misericórdia sem limites e sem medida marque a nossa relação com os irmãos.

2. O nosso “mundo” considera que perdoar é próprio dos fracos, dos vencidos, dos que desistem de impor a sua personalidade , mas Deus considera que perdoar é dos fortes, dos que sabem o que é verdadeiramente importante, dos que estão dispostos a renunciar ao seu orgulho e autossuficiência para apostar num mundo novo, marcado por relações novas e verdadeiras entre os homens. Na verdade, a lógica do mundo só tem aumentado a espiral de violência, de injustiça, de morte; a lógica de Deus tem ajudado a mudar os corações e frutificado em gestos de amor, de partilha, de diálogo e de comunhão. Perdoar significa estar sempre disposto a ir ao encontro dos outros, estender a mão, recomeçar o diálogo, dar outra oportunidade.

3. Vivemos num mundo de ódios e guerras, onde falta a lógica do perdão. Sabemos, diz o papa Francisco,  que “há homens e mulheres que trabalham muito para fazer armas para matar, armas que matam tantas pessoas inocentes, Há guerras! Há guerras e existe a maldade na preparação da guerra, de produzir armas contra os outros, para matar!  Mas as guerras não são apenas aquelas que matam com armas, são também as que estão  presentes nas nossas comunidades cristãs, entre nós. E aqui o perdão, é a palavra-chave: Como o Senhor nos perdoou, assim devemos fazer nós”. E o Papa continua:
“Se não sabes perdoar, não és cristão. Serás, porventura, um homem bom, uma boa mulher…Mas, se  não perdoares, não podes receber a paz do Senhor, o perdão do Senhor. E todos os dias, quando rezamos o Pai Nosso: “Perdoai-nos assim como nós perdoamos … ‘. é um condicional’. Procuramos convencer Deus de que somos bons, mas nós só somos bons perdoando”.
“O Senhor é um Pai tão misericordioso que sempre nos perdoa, sempre quer fazer as pazes connosco. Mas se tu não és misericordioso corres o risco de que o Senhor não seja misericordioso contigo, porque seremos julgados com a mesma medida com a qual nós julgamos os outros”, conclui o Papa Francisco.

Darci Vilarinho