4 de setembro de 2022
Sab 9, 13-19; Flm 9-17; Luc 14, 25-33
As exigências da fé
“Quem quiser ser meu discípulo deve amar-me mais do que ao pai, à mãe, à mulher, aos filhos e até mais do que a si mesmo… Quem quiser ser meu discípulo, carregue a sua cruz e siga-me…”.
1. Foi assim que Jesus se exprimiu perante o grupo numeroso de pessoas que andavam atrás dele. São palavras duras, que até parecem pronunciadas para desanimar aqueles que giravam à sua volta. Jesus não é demagogo. Não procura fáceis consensos. Não esconde as dificuldades inerentes ao seu seguimento. Ser cristão, não é fácil. Tem as suas exigências que a maioria das pessoas não aceita.
2. Pode surgir a tentação de querer construir uma religião de água doce, muito superficial, muito “nova era”, sem cruz, sem esforço, sem renúncia, sem sacrifício. Não, para Jesus isso não é possível. Ele quer pessoas decididas, capazes de o colocarem acima de tudo, deixando de lado tantas coisas que não pertencem ao seu Reino. A história do cristianismo está repleta destas pessoas que não tiveram medo de o preferir a todas as coisas. Os mártires, os santos, que também existem nos nossos dias, são um exemplo cabal desta escolha preferencial. Mesmo a custo da própria vida.
3. E é por isso que é importante pedir ao nosso Deus que nos ajude a segui-lo. Que nos ajude a preferi-lo a tudo o resto. Que confirme os nossos esforços, “a obra das nossas mãos” (salmo). Mas sobretudo, que nos dê a sabedoria do coração para sabermos escolher o que é reto, o que é justo, o que é bom para a nossa vida. “Quem poderá, Senhor, conhecer os vossos desígnios, se não lhe dais a sabedoria e não lhe enviais o vosso Espírito Santo?” É disto que nós precisamos: Do espírito de sabedoria que nos ajude a ver para além dos nossos olhos. Em Cristo, na sua palavra, no seu evangelho, na sua vida, está encerrada toda a sabedoria de que precisamos para construir uma vida que agrade a Deus e seja útil para os nossos irmãos.
4. Há seis anos, foi precisamente neste domingo, 4 de setembro que foi canonizada em Roma, pelo Papa Francisco, a Madre Teresa de Calcutá. Ela entendeu perfeitamente esta linguagem e seguiu Jesus até ao fim, descobrindo a sua presença em cada rosto de quem enxugava as lágrimas, nos mais esquecidos pela sociedade. Foram muitos os que encontrou pelas ruas das cidades, acolheu em sua casa e ajudou nos últimos momentos das suas vidas. Foi um testemunho magnífico do seguimento de Jesus e da prática das obras de misericórdia: “O que fizestes ao mais pequeno dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes”.
Darci Vilarinho