26 de junho de 2022
1Reis 19, 16-21; Gal 5, 1.13-18; Lc 8, 51-62
Seguir Jesus
1. O Evangelista S. Lucas, neste 13º Domingo Comum, põe Jesus a caminhar decididamente para Jerusalém. É uma “caminhada” mais teológica do que geográfica. Jesus mostra um itinerário espiritual, ao longo do qual vai mostrando aos discípulos os valores do “Reino” e as condições para O seguirmos neste caminho. É um percurso exigente para a comunidade dos discípulos. Trata-se de um “caminho” em que é preciso renunciar a nós mesmos, aos nossos interesses e ao nosso egoismo, para nos comprometermos com a cruz de cada dia, com a entrega da vida, com o dom de nós próprios, com o amor até às últimas consequências.
2. Seguir Jesus neste caminho implica escolher o seu modo de se relacionar com as pessoas numa atitude de acolhimento e tolerância. Que fazer quando o mundo em que vivemos tem uma atitude de rejeição face à proposta de Jesus? Jesus pede-nos que não respondamos com qualquer atitude de violência ou prepotência, agressividade ou vingança. Exige-o o mandamento do amor que implica antes de mais respeito para com as pessoas e o mundo em que habitam. Não podemos nem devemos esconder que, infelizmente, na sua caminhada histórica, a Igreja nem sempre foi fiel à Palavra de Jesus, porque também ela, feita de homens pecadores, trilhou caminhos de fanatismo, de intolerância e às vezes até de violência. Não vale a pena recordar as conversões à força, as cruzadas, os julgamentos da Inquisição que tanto mal causaram. Por mais de uma vez a Igreja, pedindo desculpa, reconheceu que os seus filhos nem sempre anunciaram o Evangelho com fidelidade, firmeza e coragem, e nem sempre respeitaram aqueles que queriam seguir outros caminhos e fazer outras opções. A lição de Jesus é clara: sermos tolerantes e respeitadores perante as pessoas que pensam e vivem de um modo diferente: na sua humanidade, no ideal político ou na religião.
3. O caminho exigente, traçado por Jesus, implica também um dom total ao “Reino”. Quem quiser seguir Jesus, não pode fazê-lo com meias medidas ou a pensar nas vantagens e desvantagens materiais que isso lhe traz, nos interesses que deixou para trás, ou nas pessoas a quem tem de dizer adeus… Uma grande missão exige renúncia aos próprios interesses para seguir o único interesse da pessoa por quem se trabalha. O Reino de Jesus tem de ser infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material.
O discípulo de Jesus é convidado a despegar-se de tudo, até da própria família, se for necessário, para fazer do Reino a sua prioridade fundamental. Nada deve adiar o compromisso com Cristo.
4. Segue-me, pede Jesus a cada um de nós. Segui-lo quer dizer comungar na mesma vida e destino. Teremos também nós de passar por muitas tribulações e incompreensões, mas a paga está garantida: o Reino de Deus em toda a sua plenitude. Há falta de respostas conscientes a este apelo do Senhor, porque falta a coragem de cortar pontes e queimar “carros e bois” como na história de Eliseu, da primeira leitura deste Domingo. Quem dá tudo não pode voltar atrás para retomar o que já ofereceu. Ninguém se feche a esta ordem do Senhor. E que Ele nos dê um coração decidido para O seguirmos e anunciarmos.
Darci Vilarinho