Job 38, 1.6-11; 2 Cor5, 14-17; Mc 4, 35-41
Todos têm medo de um mar em borrasca, de uma tempestade. Também os apóstolos na barca que atravessava o lago de Tiberíade, que apesar de pequeno, por vezes está sujeito a fortes ventos e marés tão altas que podem incutir temor.
Jesus vai com os apóstolos, mas dorme descansando provavelmente depois de uma longa jornada de contacto com centenas de pessoas, na maioria doentes ou debilitados que ele atendia.
Também o nosso mundo vive em tempestade, geme nas dores e dificuldades da vida e Deus está em silêncio. Parece que não se importa connosco.
Será mesmo assim? Não há dúvida que surgem em nós muitas perguntas, quando nos encontramos em apertos e parecemos abandonados a nós próprios.
A Bíblia, sobretudo o livro de Job, o livro dos Salmos, os profetas e aqui também os apóstolos fazem apelos e perguntas a Deus. Levanta-te, Senhor, vem em nosso auxílio. Não te importas que morramos?
Quem sabe lá quantas perguntas surgiram no coração das pessoas durante esta pandemia que atingiu tanta gente, perante o medo da doença ou da morte. Tudo muito humano e compreensível.
Quando Jesus acordou, perguntou: Porquê tanto medo? Porquê estais assustados? Não tendes fé? Deus não está longe e não dorme. Ele está presente à sua maneira, segue os nossos passos, está no nosso trabalho, nos nossos esforços, nas nossas lutas. E quer salvar-nos, mas pede-nos que ponhamos em campo todas as nossas capacidades, as nossas forças, a nossa inteligência, o nosso coração. Quer que colaboremos com Ele.
“Ele não intervém em meu lugar, mas juntamente comigo. Não me livra da travessia, mas acompanha-me na obscuridade. Não me guarda do medo, mas no medo. Tal como não salvou Jesus da cruz, mas na cruz” (E. Ronchi)
Toda a nossa vida é uma travessia, por vezes borrascosa, cheia de medos e angústias. Gostávamos que Deus nos livrasse de tudo isso, que calmasse as ondas, mas em vez disso, chama-nos à luta, à responsabilidade, a fazer toda nossa parte, assegurando-nos que com Ele venceremos.
Mestre, não te importas que pereçamos? Certamente que se importa! Valemos muito para Ele, mais do que as aves do céu, mais do que os lírios do campo! De tal modo que os nossos cabelos estão todos contados, e todos os medos do nosso coração são assumidos por Ele. “Vinde a mim todos, os que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei… Dai-me o vosso coração para que ele esteja perto do meu Coração…”
Darci Vilarinho