João Lavrador, bispo de Angra, Açores, e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, considera que estas foram as jornadas de comunicação que «despertaram mais interesse» dos últimos anos; talvez pelo tema “muito apelativo” deste ano, virado para a presença da Igreja no digital.
João Lavrador começa por constatar: «Nós ainda não despertámos para a paróquia digital, só temos a territorial, ainda, em muitos casos. Mas elas não são excludentes», disse, desafiando a uma maior presença da Igreja no digital. «A Igreja já tem um caminho feito, mas há ainda muito por fazer». Há «um défice religioso de presença católica nas redes sociais», lamentou. «Estamos ainda no inicio».
Considera que este é um «tema importante» e que «precisa de profissionalismo». E, para tal, é preciso que toda a Igreja «invista na formação de comunicadores». Essa presença no digital deve ter «uma atenção especial aos jovens», desafiou. «Não basta boa vontade e criatividade», advertiu João Lavrador na sua intervenção já no encerramento das jornadas, num painel onde estavam os demais integrantes da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.
O padre António Valério, diretor da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal, da organização do evento, disse que é preciso «sermos criativos de dinâmicos» e devemos «procurar as sedes humanas, espirituais e afetivas das pessoas».
Já o padre Américo Aguiar, diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, também da organização das jornadas, falou do quanto é importante reconhecermos as potencialidades da revolução digital que está em curso, e sublinhou a importância das jornadas continuarem a ser feitas “por todos e para todos”.
A organização do evento desafiou alguns dos mais jovens presentes nestas jornadas a apresentaram «as suas conclusões» das mesmas à assembleia. Os setes escolhidos sublinharam a importância de encontrar «a forma mais adequada de anunciar Deus no digital, hoje»; de valorizar o papel que os “influencers” já tem na sociedade, e também a necessidade de definirmos um propósito: «onde, a quem e como queremos chegar?», além do desafio de «descobrir como é que queremos chegar ao nosso público alvo, os jovens».
Conferências, workshops, debates e APP’s
Estas jornadas contaram com oradores de referência nas áreas de comunicação social de digital e à luz do tema geral ‘APPlica-te’, apresentaram-se temas como ‘Novas tendências digitais, o que esperar do futuro’, com Nelson Pimenta, diretor digital do grupo Renascença Multimédia; ‘Dicas para um Marketing Digital eficaz e ético’, com Patrícia Dias, investigadora da Universidade Católica Portuguesa; ‘Boas práticas para evangelizar nas redes sociais’, com a irmã Xiskya Valladares, mais conhecida como “la monja twitera’, cofundadora da ‘iMisión; ‘Chaves para fazer uma APP religiosa’ por Juan Della Torre, fundador da agência argentina ‘La Machi – Comunicación para buenas causas’; ‘O que procuram os jovens nas redes sociais?’, com Jesús Colina, diretor editorial da Aleteia, e que ao encerrar as jornadas apresentou um estudo mundial bastante abrangente e elucidativo sobre os interesses doas jovens entre os 18 e s 25 anos. Por sua vez, Fábio Ribeiro, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, investigador na Universidade do Minho, apresentou o tema ‘Verdadeiro ou falso. A relação dos jovens com as notícias falsas’.
Numa dimensão mais prática, durante as jornadas foram apresentadas por diversas organizações da Igreja, instituições, dioceses, empresas, algumas aplicações para telemóvel e iPad, virados especialmente para a pastoral paroquial e diocesana, a catequese, a oração, a liturgia, os jovens.
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social foram promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica em Portugal; e as III Jornadas de Comunicação Digital foram dinamizadas pela Rede Mundial de Oração do Papa, do Apostolado da Oração (obra confiada aos Jesuítas). Decorreram em Fátima entre os dias 27 e 28 de setembro e renuíram mais de 150 inscritos em representação dos mais diversos órgãos de comunicação social, especialmente dos ligados à Igreja Católica e de inspiração cristã. Entre eles estiveram presentes alguns jornalistas da revista FÁTIMA MISSIONÁRIA, editada pelos Missionários da Consolata em Portugal.
Albino Brás