Os Missionários da Consolata anunciam o falecimento, este sábado, 21 de agosto de 2021, no Hospital de Leiria, do padre Aventino Matias Oliveira, com 88 anos de idade e um vasto percurso missionário
O corpo vai estar em câmara ardente na capela dos Missionários da Consolata, em Fátima, a partir das 15h (hora indicativa) deste domingo, dia 22.
A Missa Exequial vai acontecer na próxima segunda-feira, dia 23, às 10h, na capela da Consolata, em Fátima. Segue-se o cortejo fúnebre para o cemitério de Fátima, com tumulação prevista para as 11h.
Algumas notas sobre a vida do padre Aventino:
“A vocação missionária é um dom de que só na eternidade compreenderemos o valor”, dizia o Beato José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata. E assim a entendeu o padre Aventino Matias de Oliveira, agora falecido.
Nascido em Vila de Rei, distrito de Castelo Branco, a 24 de fevereiro de 1933, Aventino fez parte do primeiro grupo de 11 jovens que o padre João de Marchi acolheu em Fátima nos primórdios do Instituto em Portugal, mais exatamente no dia 4 de outubro de 1944. Foi o padre De Marchi, por quem o jovem Aventino tinha uma profunda estima, que guiou os seus primeiros passos. Dele costumava citar algumas expressões mais eloquentes que ele próprio procurou viver: “Que honra, ajudar os outros!” – “Nunca trabalhei para mim próprio” – “Foi sempre Nossa Senhora que me abriu a porta” – “A todos os que encontrei falei sempre do amor de Deus”.
Exprimem a missão do padre João De Marchi, mas também a missão do padre Aventino. Partiu muito novo para a Itália onde concluiu os estudos secundários e a Filosofia e logo depois foi para Washington, EUA, em cuja Universidade Católica concluiu a Teologia e onde foi ordenado sacerdote, em 1957.
Voltou para Portugal em 1959, ocupando-se da formação e ensino no seminário da Consolata em Águas Santas até 1965. Seguidamente, foi para Fátima como professor e animador missionário e com a tarefa da redação da revista Fátima Missionária até 1968.
Em 1968 foi destinado ao Canadá. Aí trabalhou vários anos sobretudo na pastoral genérica, na animação missionária e na redação e edição da revista Réveil Missionnaire em Cap Rouge, Montreal e Toronto. De 1992 a 2007 trabalhou sempre na pastoral e animação missionária em Somerset (Estados Unidos) com o encargo da redação e edição da revista Consolata Missionaries. Fez milhares de quilómetros difundindo o ideal missionário por toda a América do Norte.
Últimos anos em Fátima, Portugal
Regressou a Portugal em 2007. Voltou à animação missionária, mas sobretudo ao serviço de acolhimento dos grupos de peregrinos e das pessoas mais necessitadas de uma palavra de apoio e consolação. Era também guia no Consolata Museu – Arte Sacra e Etnologia, especialmente para os grupos de língua inglesa. Nós, que partilhámos com Ele os seus últimos anos de vida na comunidade de Fátima, pudemos constatar o seu espírito de entrega à missão, o seu zelo incansável pela causa missionária e a capacidade de ouvir e aconselhar as pessoas no ministério da reconciliação e da consolação.
Dono de uma grande lucidez e uma memória de fazer inveja até aos mais jovens, foi um incansável artífice e cuidador de escritos, testemunhos e memórias de missionários e das missões. Não foram poucas as vezes em que era convidado, sobretudo em eventos da Consolata, para falar dos primórdios da Consolata em Portugal. E falava daqueles tempos como se estivesse a tivê-los ainda hoje. Aqueles que o ouviam, sem que se dessem conta, eram transportados para realidades que não viveram, mas passavam a ser suas também, tal era a forma como narrava os acontecimentos de há quase um século. Por outro lado, a sua voz radiofónica encantava quem participava também nas suas Eucaristias, em que partilhava homilias sempre muito simples mas profundas e estruturadas.
No apoio à revista Fátima Missionária, escreveu durante largos anos na rubrica VIDA COM VIDA, traçando com grande sensibilidade e desvelo o perfil, vida e missão de tantos missionários e missionárias da Consolata que, como ele, já partiram para a casa do Pai. Falava fluentemente várias línguas (português, italiano, inglês, francês,…), um dom que colocou ao serviço da missão. Era um exímio tradutor. Concluiu há ainda pouco tempo a tradução para português das Cartas do Beato José Allamano aos seus missionários, que atestam a sua capacidade de amor e de serviço ao Instituto da Consolata.
O padre Aventino Oliveira deixa-nos, agora, neste 21 de agosto de 2021. Foram 88 anos de uma vida fecunda e dedicada a Deus e à missão. Tinha 68 anos de Profissão Religiosa e 64 anos de Sacerdócio. Amava profundamente Allamano, a Consolata e o Instituto em que escolheu viver.
Cristo Ressuscitado o acolha no número daqueles que entregaram toda a sua vida pela missão. Que descanse em paz!
Texto: Albino Brás e Darci Vilarinho