Um calor abrasador, a rondar os 40 graus, pairava como um manto sobre o vale da Quinta do Castelo, dos Missionários da Consolata, no Cacém. A pouca água que corre na ribeira que atravessa este espaço ‘multiusos’ – que acolhe o Centro Missionário Padre Paulino (CMPF), a Comunidade Apostólica Formativa (CAF), as hortas comunitárias, e outras tantas propostas e serviços pastorais e missionários – ajudava, com a paisagem das muitas árvores que povoam a Quinta, para ‘refrescar’ (apenas) o olhar.
Partilhar carisma e espiritualidade
A Festa da Consolata nesta comunidade missionária já tem uma longa tradição. Os espaços foram previamente decorados com o contributo de muitos voluntários. Pouco a pouco ia chegando gente de muitas proveniências. Aos microfones informam que até do Bairro do Zambujal veio um autocarro (gentilmente cedido pela Santa Casa da Misericórdia da Amadora) com pessoas da comunidade do Centro Consolação e Vida. De resto, havia grupos significativos de São Marcos, do Algueirão, do Cacém… E não podiam faltar os Missionários (IMC) e as Irmãs Missionárias da Consolata (MC) de todas as comunidades da região de Lisboa, assim como os Leigos Missionários da Consolata (LMC), os Jovens (JMC), as Mulheres (MMC), os Voluntários (VMC), os Amigos (AMC), entre tantos outros amigos e amigas que bebem e partilham da mesma espiritualidade e do mesmo carisma do Beato Allamano, o fundador.
A Festa começou com uma bem composta Procissão encimada pelo andor de Nossa Senhora da Consolata. Uma multidão foi serpenteando pelas estradas em terra batida da Quinta, ao som de cânticos e reflexões, até chegar ao local onde seria celebrada a Eucaristia, debaixo da abençoada sombra de uma plantação de cedros.
“O que significa consolar, hoje?”
“Que sentido tem celebrar hoje a Festa da Consolata?”, começou por perguntar, na homilia, o presidente a celebração, o padre Ermanno Savarino, italiano, e reitor da comunidade formativa do CMPF. “Hoje vivemos a solidão de quem não se conhece, mas também de quem fica à margem da crescente complexidade desta sociedade”. E deu exemplos: “Os idosos, os doentes, os sem recursos, ficam à margem, sozinhos”. “O que significa consolar, hoje?”, prosseguiu. Iluminado pelo evangelho da Anunciação, antes proclamado, padre Ermanno refere Maria, como aquela que “percebe a presença de Deus na sua vida e a partir daí é capaz de consolar”. Ela ajuda a descobrir “como anunciar a proximidade de Deus no mundo de hoje”, fazendo-nos também nós “próximos dos outros”, explica. Para terminar, Savarino, fala de alguns projetos e atividades que a Quinta do castelo foi criando ao longo dos últimos anos para ir ao encontro destes desafios da consolação e da Missão, hoje. E concluiu: “A Missão é lá longe, mas é também aqui. A Missão acontece onde tu estás”
Voluntariado missionário: Envio de nove jovens
Durante a celebração, bem animada liturgicamente, com danças dos JMC e cânticos orientados pelos LMC, houve tempo ainda para o envio missionário de um grupo de nove jovens do projeto “Tambea Uone”, do Voluntariado Missionário da Consolata, orientado pelo padre Bernard Obiero. Jovens que irão partir este verão para a missão de Kapeeka-Kampala, no Uganda.
Na Eucaristia, os presentes testemunharam a renovação da Profissão Religiosa dos Padres, Irmãos e Irmãs da Consolata, assim como a renovação do compromisso missionário das MMC. Por sua vez, os LMC fizeram uma homenagem aos JMC, que este ano fazem 25 anos de existência, através de um texto lido no momento de ação de graças. Tempo também para o JMC Sul se apresentarem, dizerem quem são, o que fazem, qual a sua missão, e atrair, se for o caso, gente nova para o grupo. A particularidade está em que tudo isso foi feito recorrendo à poesia, na voz da Diana Borges.
Terminada a missa, cada um foi convidado a descer para o almoço, que foi servido no alpendre das festas. Com apresentação bem-humorada do jovem Carlos Mendes deu-se depois inicio à tarde cultural, que ficou preenchida com algumas apresentações musicais que alegraram os presentes.
Albino Brás